segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A fogueira

Já nada é como era e assim é que está bem. O caminho para a felicidade passou de estrada rural de campo para auto-estrada de seis filas...só me apetece circular...
Há menos a dizer pois é tudo óbvio e simples. O olhar, o toque, os sentidos embebidos profundamente no nosso ser fervilham de palavras e gestos, de emoções e significados que descansam serenemente junto do coração e lá é que estão bem.
Há uma vontade cá dentro de gritar a plenos pulmões contra esta brisa de levante infindável, morna de paixão que se arrasta pelo oceano fora e que me encontra na falésia, insignificante e mísero em comparação mas gigante em consciência...vento de mudança que me salga a cara e me tira o frio de gostar de ti. O tempo já mudou, a vida está a mudar, os sonhos vão mudar...e é para o futuro que quero crescer, fervendo todo o presente para dele tirar apenas o que é puro e bom.
Quente, procuro todo o quente que encontrar e é quente que quero devolver. Quero ver todo o brilho de todas as estrelas e guardá-las só para ti, quero olhar para céu e desenhar o teu rosto por entre os astros, ver o teu reflexo e ele sorrir por saber que também olhas, olhar para dentro e sentir o quente que é encontrar-te lá...e ver-te sorrir.

Eriça-se a epiderme a cada toque, o som que descai de cada pancada vibra cada célula a cada passagem do desejo de o repetir...despejam-se injecções de faíscas em arcos e o calor acontece. Aproxima-se mais uma vez os seixos, repete-se o desejo e afirma-se a vontade de aquecer. A chama que de débil e fraca se torna sólida e mantida, dança em inebriantes sopros de laranjas-vermelhos que enaltecem o brilho que jubila dos teus olhos abraçando este nosso calor...

É um fogo que arde sem se ver;
é um crescendo de isto e de aquilo e de tudo o que é nosso;
é morder como quem beija;
é ter sempre o copo cheio;
é assim...é tudo o que somos elevados ao expoente da loucura e sentir que é nele que encontramos a nossa cura.

é tudo isto e tudo o que já foi dito...é algo tão nosso como o nosso ser, tão íntimo como o nosso pensamento, tão sincero como aquilo que conseguimos ser, tão real como aquilo em que conseguimos acreditar.