quarta-feira, 4 de julho de 2007

O rápido


O sol já se apagou e ninguém ligou. A luz do candeeiro da rua espreita timidamente o quarto onde me deito, apagando-se por segundos com uma cadência que me irrita profundamente.
Suspiro profundamente tentado a fazer uma das milhares de coisas que me passaram pela cabeça para resolver o candeeiro. Estou farta de me sentir sozinha e farta de procurar desesperadamente, quase doentiamente, algo para me distrair e quase que me rio, risinhos nervosos, porque, passadas 8 horas ainda estou deitada, sem comer ou dormir, praticamente sem me mexer sequer à espera da chamada.
Levanto-me, visto-me e saio para a rua. Contorno o quarteirão mergulhando num maralhal de gente e de pressas fim-de-dia...ele perdeu a oportunidade. Não lhe responderei mais.
Na estação, quando evito respirar (como se fosse possível) para não sentir o cheiro imundo do que me rodeia, passa o rápido. A ventania criada pelo comboio leva-me os sonhos e a alma. Sinto-me vazia.
Ele aparece e ataca-me com um “Olá”.
Acabamos a conversa aos gritos e comigo a pensar, porque é que vim? Porque é que me preocupo? Vou desligar o telemóvel, vou começar por fingir que ele não existe e que isto que sinto, esta dor que que mantém acordada vai passar. Pode ser que seja um bom começo. Pode ser que consiga adormecer. Acredito que talvez consiga. Daqui a pouco verei, agora vou entrar na composição e procurar amizade noutro lado.

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